ATA DA OITAVA REUNIÃO ORDINÁRIA DA SEXTA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA NONA LEGISLATURA, EM 10.02.1988.

 

 

Aos dez dias do mês de fevereiro do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Oitava Reunião Ordinária da Sexta Comissão Representativa da Nona Legislatura. Às nove horas e trinta e oito minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Auro Campani, Brochado da Rocha, Cleom Guatimozim, Flávio Coulon, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Isaac Ainhorn, Jussara Cony, Kenny Braga, Luiz Braz, Pedro Ruas, Rafael Santos e Raul Casa, Titulares, e Aranha Filho, Ennio Terra, Getúlio Brizolla, Paulo Satte e Teresinha Irigaray, Não-Titulares. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou ao Ver. Flávio Coulon que procedesse à leitura trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura da Ata da Sexta Reunião Ordinária e da Ata Declaratória da Sétima Reunião Ordinária, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, 02 Pedidos de Informações, a cerca da propriedade e do uso de áreas localizadas na quadra compreendida pelas Ruas Cel. Lucas de Oliveira, Jaime Teles, Passo da Pátria e Av. Protásio Alves e na Rua Cel. Lucas de Oliveira, 1796 e acerca dos processos n.ºs 93.614/72, 76.814/72, 233.477.1, 02.233.477.1, 213.974.0 e 00501; pelo Ver. Artur Zanella, 01 Pedido de Providências, solicitando a retirada de árvores na Rua Estácio de Sá, em frente ao número 735; pelo Ver. Flávio Coulon, 01 Projeto de Resolução n.º 01/88 (proc. n.º 184/88), que cria a Comissão de Fiscalização Financeira da Câmara Municipal, reestrutura o processo de Tomada de Contas e dá outras providências; pelo Ver. Frederico Barbosa, 05 Pedidos de Providências, solicitando vistoria da iluminação pública e troca de lâmpadas queimadas na Av. Andaraí, do n.º 300 em diante, limpeza do terreno baldio e o cercamento na Av. Praia de Belas com Rua Costa, limpeza geral na Praça Gen. Osório, incluindo sanitários, substituição das placas indicativas no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho e retirada dos materiais depositados junto à capatazia da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, embaixo da elevada dos Açorianos; pelo Ver. Getúlio Brizolla, 01 Pedido de Providências, solicitando a colocação de sinaleira na Rua Demétrio Ribeiro esquina com a Rua Bento Martins; pela Verª. Gladis Mantelli, 01 Pedido de Providências, solicitando instalação de sinaleira em frente à Escola Othelo Rosa, situada na Av. Independência, 1065; pelo Ver. Hermes Dutra, 02 Projetos de Lei do Legislativo n.ºs 03/88 (proc. n.º 193/88), que denomina Avenida Plínio Kroeff um logradouro público e 04/88 (proc. n.º 194/88), que denomina Rua Odo Cazzulo um logradouro público; 02 Projetos de Resolução n.ºs 02/88 (proc. n.º 192/88), que concede o título honorifico de Líder Comunitário ao Sr. Washington Ayres e 03/88 (proc. n.º 200/88), que concede o Prêmio de Teatro Qorpo Santo ao Casal Arines Ibias e Izabel Ibias: pelo Ver. Rafael Santos, 01 Pedido de Providências, solicitando recuperação da iluminação pública na Praça Central de Belém Velho. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios n.ºs 18; 23; 22; 20; 19; 24; 30; 33; 34; 32; 52; 55/88, do Sr. Prefeito Municipal; 01/88, da Câmara de Vereadores de Novo Hamburgo; s/n.º, da Câmara de Vereadores de Bagé; 01/88, do Sr. Fernando Gonçalves; s/n.º, da Coordenação de Estudos Especiais da Presidência do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social; s/n.º, da Câmara Municipal de São Borja; Ofício-circular n.º 01/88, da Câmara de Vereadores de Esteio; Telex da Secretaria Particular da Presidência da República. A seguir, a Sra. Secretária apregoou o Pedido de Autorização n.º 04/88, que estabelece Contrato de Colaboração Financeira não-reembolsável que entre si fazem o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e o Município de Porto Alegre, com a interveniência do Departamento Municipal de Limpeza Urbana. Após, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Pedido de Autorização n.º 01/88, após ter sido discutido pelos Vereadores Artur Zanella, Antonio Hohlfeldt, Flávio Coulon, Getúlio Brizolla e Brochado da Rocha. Ainda foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Artur Zanella, solicitando a realização de uma Sessão Solene dia vinte e um de abril do corrente, às dezessete horas, em homenagem aos vinte e cinco anos da RBS-TV; solicitando e realização de uma Sessão Solene no dia vinte e quatro de março do corrente, às vinte horas, dedicada a homenagear os vencedores do Carnaval de Porto Alegre; de Voto de Congratulações com a ASTECOM, Associação dos Técnicos de Comunicação Social da Prefeitura de Porto Alegre, pela primeira edição de “Alternativa Um”; de Votos de Pesar pelos falecimentos de Humberto Otto Krause; de Ênio Teixeira Nunes; do Ver. Frederico Barbosa, de Voto de Pesar pelo falecimento do Dr. Amaro de Souza Damasceno Ferreira; da Verª. Gladis Mantelli, de Voto de Pesar de falecimento de Pedro Techio; do Ver. Hermes Dutra, de Votos de Congratulações com o Sr. Luiz Carlos Vaccaro, pela sua posse como Diretor-superintendente da Zivi-Hércules; com o Sr. Ary Marimon, por assumir a Presidência da FARSUL, Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul; com a Agência de Publicidade Prop Top, pelo prêmio recebido no Festival de VT Publicitário de Búzios, com o comercial VT Moscou; com o Sr. Zildo de Marchi, pela sua reeleição à Presidência do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados no Estado do Rio Grande do Sul; com o Sr. Nilo Armando Muller; com o Sr. Frederico Martim Gunnar Durr, pelas suas eleições para a Diretoria do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados no Estado do Rio Grande do Sul; com o Sr. Guilherme Frederico Kroeff Jacobs, pela sua eleição para o Conselho Fiscal do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados no Estado do Rio Grande do Sul; com Modas Tabajara S/A; com Tintas Kresil Ltda.; com Lojas Imcosul, pela passagem de seus aniversários; do Ver. Raul Casa, de Votos de Pesar pelos falecimentos de Antonio Augusto Peçanha Rohnelt; de Prosespina Rodrigues Moraes. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Raul Casa discorreu sobre acidente ocorrido sábado, durante o II Quilômetro de Arrancada de Capão da Canoa, destacando o aspecto ilegal dessa competição, em face de ter sido realizada em via pública e salientando a irresponsabilidade demonstrada, no episódio, pelas autoridades competentes, que colocaram em risco a população local. O Ver. Isaac Ainhorn reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Raul Casa, acerca de acidente ocorrido durante a realização do II Quilômetro de Arrancada de Capão da Canoa, ratificando os posicionamentos assumidos por S. Exa., contrários a esse tipo de competição em vias públicas, tendo em vista os perigos que acarretam para a comunidade veranista. Teceu comentários acerca da retirada, nas praias, do policiamento da Brigada Militar, a partir das dezoito horas, salientando as conseqüências negativas da mesma. O Ver. Flávio Coulon teceu considerações sobre os pronunciamentos, de hoje, dos Vereadores Raul Casa e Isaac Ainhorn, relativos a acidente ocorrido durante o II Quilômetro de Arrancada de Capão da Canoa, analisando aspectos relativos à questão e questionando os motivos que levaram S. Exas. a classificarem como irresponsáveis as autoridades que permitiram a realização dessa competição. E o Ver. Antonio Hohlfeldt, registrou o transcurso, hoje, do oitavo aniversário da instauração do Partido dos Trabalhadores no País, discorrendo sobre a ideologia de seu Partido, embasada nas lutas dos trabalhadores brasileiros. Fez relato histórico do caminho percorrido pelo PT, desde seu surgimento, e sua importância como representante concreto da população trabalhadora. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Flávio Coulon discorreu acerca de seu trabalho como Vereador de Porto Alegre, lamentando a pouca repercussão das denúncias que são feitas nesta Casa quanto aos atos do Executivo Municipal. Comentou Requerimento, de sua Autoria, a ser apreciado na Casa, solicitando que o Tribunal de Contas do Estado examine a legalidade de um contrato celebrado entre a Prefeitura Municipal e a Empresa Arquitetos e Urbanistas Associados, considerado ilegal pela Procuradoria-geral do Estado e legal pelo Procurador do Município. Falou sobre inspeção na Cia. Carris Porto-Alegrense, que será feita pelo Tribunal de Contas, solicitando a verificação do volume de depósitos que ficaram parados, em bancos particulares, durante a administração do Sr. Nelson Castan e também dos depósitos sem aplicação feitos pela FESC. Analisou o elevado grau de impunidade observado no País e as conseqüências que o mesmo acarreta, comentando caso ocorrido na Rua 14 de Julho onde, após luta da população pela proibição do estacionamento de ônibus naquela Rua, as placas proibindo esse estacionamento foram adulteradas, tendo ocorrido, inclusive, ameaças anônimas a um morador local. E o Ver. Brochado da Rocha teceu comentários sobre os transportes urbanos, destacando iniciativa do Governador do Estado do Paraná, que determina a licitação pública para a concessão do direito de exploração do serviço de transportes coletivos. Discorreu acerca de questionamentos sobre o IPK, feitos pelos empresários dos transportes coletivos de Porto Alegre, analisando o sistema de transporte coletivo no Município e os fatores que ocasionaram o monopólio hoje ali existente. Destacou a necessidade de alterações nesse setor, em especial quanto ao pagamento dos empresários da área, sugerindo estudos quanto à possibilidade de pagamento por quilômetro rodado, devidamente comprovado pelas empresas. Em COMUNICAÇÃO DE PRESIDENTE, o Ver. Brochado da Rocha deu continuidade ao seu pronunciamento em Comunicações, acerca do sistema de transportes coletivos de Porto Alegre, discorrendo sobre a questão. Durante os trabalhos, o Sr. Presidente acolheu Questão de Ordem do Ver. Artur Zanella, acerca da votação do Projeto de Lei do Executivo n.º 114/87. A seguir, por solicitação do Ver. Frederico Barbosa, foi efetuada nova verificação de “quorum”, registrando-se a presença dos Vereadores Brochado da Rocha, Flávio Coulon, Frederico Barbosa e Gladis Mantelli. Constatada a inexistência de “quorum”, a Sra. Presidente levantou os trabalhos às doze horas e dez minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli e Rafael Santos e secretariados pelos Vereadores Gladis Mantelli e Rafael Santos. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 

 

O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): Solicito à Sra. Secretária que procede à leitura do Ofício n.º 47/GP.

 

A SRA. 1ª SECRETÁRIA: (Lê.)

“Ofício n.º 47/GP/A Paço dos Açorianos, 25 de janeiro de 1988.

Senhor Presidente:

Remeto, em anexo, para autorização dessa Egrégia Câmara, cópia do instrumento de colaboração financeira não-reembolsável a ser firmado entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES e o Município de Porto Alegre, com a interveniência do Departamento Municipal de Limpeza Urbana – DMLU, no valor de Cz$ 12.335.322,00 (doze milhões, trezentos e trinta e cinco mil, trezentos e vinte e dois cruzados), com recursos do Fundo de Investimento Social – FINSOCIAL, destinada à execução de projeto de coleta de lixo com tratores nas vilas da área denominada “Grande Cruzeiro”.

Na oportunidade, envio-lhe cordiais saudações.

(a) Alceu Collares, Prefeito.”

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito à Sra. Secretária que proceda à nominal dos Srs. Vereadores para verificação de “quorum”.

 

(A Sra. 1ª Secretária procede à chamada.)

 

A SRA. 1ª SECRETÁRIA: Há “quorum”, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: Havendo “quorum”, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 0133 – PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO n.º 01/88, Convênio que entre si celebram, de um lado o Estado do Rio Grande do Sul, e o Município de Porto Alegre, visando a realização de obra de tratamento superficial triplo da Estrada Aracaju, trecho entre Av. Vicente Monteggia e Beco Servidão.

Parecer:

- da 6ª Comissão Representativa, Ver. Raul Casa: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.)

Inscrevem-se, para discutir, os Vereadores Artur Zanella e Antonio Hohlfeldt.

Com a palavra, o Ver. Artur Zanella.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Finalmente, agora, vejo exatamente em que termos vem esta votação; fui até procurado por um representante da entidade, não, um amigo da entidade dizendo que tinha novos elementos sobre esse Projeto e verifico agora que não, o que existe na verdade é um Requerimento do Ver. Cleom Guatimozim pedindo a renovação de votação nos termos do art. 120 do Regimento Interno. A fundamentação do nobre Líder do PDT diz (Lê.): “O requerido fundamenta-se no tumulto existente na tomada de votos, fato que levou a Mesa a proclamar um resultado e, após, retificá-lo”. Os senhores me perdoem, mas com esta argumentação não voto projeto algum. Eu voltarei esse projeto, e provavelmente favoravelmente, se chegarem informações de como foi eleita essa comunidade para receber, inclusive há uma entidade religiosa, os benefícios advindos da pavimentação. Todavia, votar novamente porque houve tumulto na tomada dos votos o que levou a Mesa a proclamar o resultado e após retificá-lo, com todo o respeito que me merecem a entidade e o Executivo, não votarei. Abster-me-ei da votação e se for o caso até me retirarei, pois sob esse tipo de argumento, com todo o respeito ao Ver. Cleom Guatimozim, à entidade e à Prefeitura, não me sinto em condições.

Estou encaminhando uma Questão de Ordem, desta a tribuna, perguntando que tumulto foi esse o qual impediu uma exata aferição dos resultados, pois é a primeira vez, desde que aqui cheguei, que ocorre um fato desta natureza. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Gostaria de informações da Mesa, sobre se procedem essas afirmativas constantes no Requerimento de Ver. Cleom Guatimozim, de que houve um tumulto na apuração dos votos e que foi anunciado um resultado e depois outro, fato que impediu a exata definição do Plenário, a clareza dos seus votos. Se possível com a Ata respectiva da Sessão.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa irá providenciar a Ata para responder. Com a palavra, o Sr. Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na ocasião da votação deste projeto nós nos pronunciamos veementemente contrários ao mesmo por um motivo bem objetivo: não há no conjunto da documentação do processo nenhum motivo que justifique um tratamento privilegiado da Estrada Aracaju em relação às demais vias públicas da cidade de Porto Alegre. Todo o trabalho que a SMOV vem fazendo – e diga-se passagem, até quero reconhecer um bom trabalho que a SMOV vem fazendo, através do Ver. Wilton de Araújo, de calçamento, de complementação de calçamento e ainda li nesse fim-de-semana - embora fora do Rio Grande do Sul - notícias em torno de um grande churrasco que o Ver. Wilton Araújo ganhou por ter feito mais um calçamento de uma ruazinha aí na cidade de Porto Alegre, que era o desespero dos moradores há anos. Pois, todas estas obras que o Ver. Wilton Araújo tem realizado, as realiza dentro daquela idéia que eu sempre defendi quando era Vereador de oposição ao PDS, ao Sr. João Antonio Dib e quando contra o qual se colocava o então Prefeito os Vereadores do PDT, o próprio Ver. Wilton Araújo e o Ver. Valneri Antunes, que era da divisão de gastos, que era do projeto comunitário, projeto este que nunca conseguiu passar nesta Casa, apesar até dos esforços, na ocasião, do Ver. Artur Zanella.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador). O Ver. Wilton Araújo era contra.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Exatamente o que eu estou lembrando, Ver. Artur Zanella, que o Ver. Wilton Araújo e o Ver. Valneri Antunes eram contra. Até eu consegui, mediante as Emendas que nós havíamos feito aceitar a idéia e continuo aceitando. Acho que o projeto é importante, acho que a prática é importante e acho que Ver. Wilton Araújo atua inteligentemente porque não perde tempo em mandar para cá, e trata de fazer o trabalho, e como o que não é proibido é permitido, nós não temos que reclamar, ele vai fazendo o trabalho.

 

O SR. GETÚLIO BRIZOLLA (Questão de Ordem): A minha Questão de Ordem é num sentido especial, que o Secretário não tem nada a ver com o calçamento, a não ser a respeito do povo. Muito obrigado.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sugiro que o Ver. Getúlio Brizolla avise o Secretário Wilton Araújo que ele não tem nada a ver com o calçamento, porque parece que ele tem a ver. Só isso, Ver. Getúlio Brizolla. V. Exa. converse com o Ver. Wilton Araújo para ver se tem um parecer diferente de V. Exa. Para ele tem muito a ver com calçamento, e eu pessoalmente acho que tem, tanto que vem fazendo e vem fazendo bem. Mas retomando o meu assunto queria colocar, portanto, que não surgiu nesta renovação de votação, que na verdade é uma renovação de votação pura e simples, nenhum dado novo para tratamento diferenciado da Estrada Aracaju em face das demais ruas da cidade de Porto Alegre. Eu dizia inclusive aos representantes da escola, que no início de janeiro estiveram aqui conversando conosco e conversaram praticamente com cada Vereador, num trabalho de “lobby” muito bem feito - diga-se de passagem -, respeitável, nada contra, tentando convencer cada Vereador, eu dizia a eles que não tenho nada contra a escola, não tenho nada contra os moradores da Estrada Aracaju. Agora também não tenho nada para tratá-los diferentemente dos demais moradores de toda esta cidade de Porto Alegre. E acho que se aqui estivesse o Ver. Valdir Fraga, que mora naquela região e defende os interesses daquela região, teria esta mesma posição. Por que o privilégio para a Estrada Aracaju e o não tratamento igualitário para todas as outras estradas que estão ali, e que me lembro na nossa discussão foram levantadas, como inclusive estradas de um movimento mil vezes maior, mil vezes mais importante, inclusive ligando bairros inteiros da cidade de Porto Alegre que não receberam este financiamento, embora uma iniciativa da própria escola que conseguiu cavar o dinheiro na verdade isto resulta num ônus para os cofres de Porto Alegre, para o morador de Porto Alegre que vai reembolsar parte deste valor. E realmente nesta renovação de votação nós não vimos nenhuma novidade. Não se aduziu nenhum elemento novo. Eu sugeri ao Eng.º Newton Baggio, na ocasião, que recebesse esse dinheiro, fizesse a obra e não deixasse de cumprir o trabalho da pavimentação comunitária. Quer dizer, que cobrasse 20, 30% dos moradores, até porque nós sabemos que na sua maioria, são pessoas de posses médias e razoáveis que poderiam muito bem pagar uma parte dessa obra, com o que se teria mais fundos para fazer um outro calçamento numa outra rua qualquer. De maneira que vou manter o meu voto contrário a essa autorização, inclusive, deixando registrada aqui a denúncia que todos nós tomamos conhecimento, de que a rejeição, por parte da Câmara, desse Projeto, deixou o Prefeito Alceu Collares numa situação muito constrangedora, porque ele tornou a fazer o que já tinha feito antes em relação a um convênio para aquisição de uma vaca mecânica, assinando documentos antes da autorização da Câmara, ou seja, o Prefeito Collares já assinou isso sem licença da Câmara e, evidentemente, com a negativa, que eu espero que se mantenha na manhã de hoje, vai ter que pedir desculpas ao Governador Simon e voltar atrás, apagando a sua assinatura. Quem é apressado, já diz um velho ditado, come cru. O Prefeito foi apressado, não conta sequer com a sua bancada, aqui no Plenário, para aprovar o Projeto, porque, se contasse, poderia passar e, no que me toca, não tenho nenhum compromisso em relação a essa obra. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Flávio Coulon. V. Exa. tem 10 minutos.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu venho a esta tribuna com a intenção de reverter o voto o Ver. Antonio Hohlfeldt e daqueles que são contrários a esse calçamento. Inicio fazendo uma autocrítica a respeito da minha participação na discussão desse Projeto. Eu não ocupei a tribuna por ocasião da discussão desse Projeto e, provavelmente, se houvesse ocupado, seria para encaminhar contra o Projeto. Ocorre que, naquela atribulação de fim de ano, quando veio esse Projeto, não tive oportunidade de estudá-lo convenientemente, como o fiz agora, e fui levado a votar pela argumentação trazida a esta tribuna por um companheiro de Bancada que aqui fez todo o encaminhamento contra este Projeto mais ou menos na mesma linha que o Ver. Antonio Hohlfeldt colocou agora aqui.

Então gostaria de repor as coisas nos seus devidos lugares, Ver. Antonio Hohlfeldt. Este Projeto surgiu de uma carta enviada pela Sociedade Pobres Cegos da Divina Providência, Centro Social Padre João Calábria, ao Secretário Dr. Cláudio Accurso, Secretário Estadual do Planejamento e que tem o seguinte teor: “Prezado Senhor, no final deste mês completam-se (...) notícia de que haja em Porto Alegre uma escola das dimensões da nossa que tenha um acesso tão precário. Vimos por este motivo apelar a sua sensibilidade, cientes que dentro dos objetivos de priorizar a área social, atenda a solicitação de recursos realizada para este fim pela Prefeitura de Porto Alegre através de seu Secretário de Obras.

Atenciosamente.

Irmão Nestor José”

 

Ver. Antonio Hohlfeldt, a partir deste ofício o Secretário Cláudio Accurso levou o problema ao Governador Pedro Simon, que colocou um despacho neste ofício: “ver via Cintia” se era possível fazer isso, uma vez que o Governador ficou sensibilizado com o problema que foi levado a ele e ficou sensibilizado sabendo que esse colégio presta serviço à FEBEM. Como a Cintia não pode fazer este tipo de coisa – isso foi o informado ao Governador – o Governador solicitou que o Estado verificasse qual seria a possibilidade de se asfaltarem esses 650 metros. A possibilidade ocorreu via o Fundo Urbano da Secretaria Estadual de Planejamento. A obra está orçada em quatro milhões e trezentos e o Governador autorizou para esta obra três milhões e quinhentos.

Então, Ver. Antonio Hohlfeldt, as críticas ao Prefeito Collares, ao Secretário Wilton Araújo, neste momento não procedem. Se quiserem criticar, critiquem então o Governador Pedro Simon que foi sensível a esses 650 metros, em função deste ofício e desta escola. A Prefeitura não tem nada a ver, ela não vai gastar nenhum tostão: 3.500,00 já estão depositados e serão financiados pelo Estado e já estão bloqueados sem aplicação, porque a Câmara não autorizou e a obra não pode ser iniciada. O Projeto já está pronto, a comunidade dará uma contrapartida na ordem de Cz$ 800.000,00. Então, é este apelo que faço a esta Casa e o problema foi evocado aqui em termos de Prefeito Alceu Collares, em termos de Ver. Wilton Araújo que queriam faturar politicamente. Aceitei a argumentação e votei contra o Projeto. Agora, obtive os esclarecimentos necessários, modifiquei meu ponto de vista. O dinheiro, se não for para Via Aracaju, será perdido para a Cidade. Se não asfaltaremos a via, não podemos deslocar a verba. Então, meu apelo é para que as pessoas se sensibilizem para esse realidade. Vamos criticar o Governador porque deu 3,5 milhões, vamos; não podia ter dado, tudo bem. Mas que fique claro que a comunidade está pedindo 650m de rua asfaltada e que estamos, por falta de esclarecimento por parte da bancada do Governo, que deveria ter trazido esses dados na discussão do Projeto, estamos em vias de impedir o asfaltamento.

 

O Sr. Antonio Hohlfeldt: V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador). Pelo respeito que tenho a V. Exa., mas, V. Exa. está informado mal ao Plenário. A cláusula 3ª diz: “em contrapartida aos recursos recebidos, o Município participará na execução da obra com os recursos necessários para a sua conclusão; dará em contrapartida da operação de crédito (...)”. Então, está entrando com dinheiro. O depoimento do Secretário Newton Baggio deixou claro, o Ver. Wilton de Araújo não se dignou a vir à discussão, que os 3,5 milhões não cobrem a obra. Portanto, a PMPA vai pôr dinheiro. Daí minha discordância: por que privilegiar a rua? O que os moradores têm de diferente, lindo e maravilhoso do que os outros? Por que os outros pagam uma parte e os outros não? Não encontro que vão entrar com os 800 mil que V. Exa. afirma.

 

O SR. FLÁVIO COULON: V. Exa. tem razão. Conforme já disse, a obra estava orçada em 4,5 milhões. Não é em OTN o contrato com o Fundo Urbano. Não posso falar em nome da bancada do PDT, mas as rápidas informações que recolhi realmente me levam à idéia de que como o Município alega não ter dinheiro, ele tentará estes 800 milhões através da comunidade. Mas, caso a comunidade não participe, pelo que está escrito, o Município arcará com isto.

Veja lá, Vereador, vamos deixar de receber três milhões e meio para que o Município não entre com uma contrapartida de um milhão?

 

O Sr. Antonio Hohlfeldt: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador). Não, Vereador. O meu problema é um problema de respeito pelos outros moradores da Cidade. Porque se discrimina favoravelmente estes em relação aos outro? Se V. Exa. conseguisse me trazer a prova, o documento, a garantia de que eles vão pagar como os outros pagaram e os demais pagarão, eu voto a favor.

Agora, o que a mim incomoda, e não pretendo calar a boca, é o tratamento diferenciado, não é o que o Prefeito Collares vai faturar, faz parte do jogo, o que me preocupa é porque nós vamos tratar diferente este grupo de moradores em relação a todos os demais.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Para encerrar, Vereador, eu reportei, no início do meu pronunciamento, que na realidade, quem sensibilizou o Governo do Estado não foram os moradores, foi esta instituição que presta relevantes serviços à educação da Capital.

Então, em nome disto, acho que o Município está-se prestando, também, a entrar com sua contrapartida, e acho razoável, votarei a favor. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

(Nota: não foi fornecida cópia da correspondência lida pelo Vereador ao SCRA.)

 

O SR. PRESIDENTE: Pela ordem, com a palavra o Ver. Getúlio Brizolla.

 

O SR. GETÚLIO BRIZOLLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Agradeço à Mesa pelo tempo que me cedeu. Tenho grande responsabilidade de registrar o porquê de estar usando esta tribuna neste momento. Estou vendo o maior Prefeito do Brasil, Alceu Collares, Prefeito que teve a coragem, e acima da coragem a honestidade de trazer toda a imundície deste Estado, onde uma criança não podia entrar numa sala de aula.

O Sr. Alceu Collares continua e vai ser sempre um homem honesto, um homem que não mente, que veio lá do perfil da fronteira trazer educação para nossas crianças. Essa educação é saber como uma criança entra numa sala de aula, porque isso é muito importante. Agora, eu vejo atrás do Alceu Collares, um baixinho, que está aqui rindo, Clóvis Brum, que só quer aparecer; uma pessoa que para mim não tem sentido nenhum, porque perdeu uma Liderança para o suplente que hoje é Líder da Casa. Então essa é uma sigla que eu não gosto nem de tocar nessa sigla, porque não ando atrás de sigla. Então, de que maneira, um baixinho que não tem nada a ver, querer mandar num Prefeito que tem grande conhecimento, porque cuida da criança.

A finalidade do Prefeito Alceu Collares é dar educação para nossas crianças, juntamente com saúde e alimentação.

Eu quero que esta Casa, esses 33 Vereadores que ganham bem, que ajudem a educar as crianças, que não venham atrás do poncho fazer o que estão fazendo.

O Governador Pedro Simon bem sabe, porque ele tem consciência, ele sabe que traiu o Leonel Brizolla e, hoje, o povo não soube votar e o elegeu Governador do Estado. E o que esse Governador está fazendo? Está deixando as crianças sem aula. Vejam como ele é demagogo. Bom, não é de estranhar muito porque é turco, mas que não venha estragar nossos filhos, ele que vá para Turquia que é o lugar dele. Aqui é o Rio Grande do Sul, aqui é o Brasil, lugar de brasileiro e, o Alceu Collares teve a coragem de chegar aqui e dizer; eu vou trabalhar para o bem do Brasil. E para trabalhar para o bem do Brasil temos que começar a educar as crianças, mas proporcionando com que possam se educar, alimentando-as, dando comida. Como é que uma criança vai ir para uma sala de aula sem comida? Pois o Alceu de Deus Collares fez. Está aí, podem até chamar de “Brizollão”, de “Negrão”, mas a verdade é uma, que baita Prefeito nós temos dentro da Capital do Estado! Muito obrigado, Alceu, pelo bom trabalho, por lembrares que foste criança, também, lá em Bagé, e chegou na Capital do Estado mandando, governando e chamando um turco à responsabilidade, já que o povo não soube votar e elegeu o turco. Então esse emérito de Bagé tem um respeito, deste Vereador, muito grande, porque se trata de educação. Mas demagogia há bastante e as verdades são poucas. Mas estas poucas verdades o Ver. Getúlio Brizolla registra: o Alceu de Deus Brizolla é o maior Prefeito do Brasil! Olhem o que ele está fazendo, olhem bem a capa da “Zero Hora” provando. E tomara que não tenha PMDB ali senão saem correndo. Lá atrás está o Ver. Clóvis de Brum, baixinho, nanico, que não sabe de nada, e o Alceu numa escola que até o Governador assumiu o compromisso e não fez! Está aqui! Este é o maior Prefeito do Brasil, Alceu de Deus Collares! Olhem bem, coloquem o binóculo aqui! Olhem bem a maneira como se trata a Capital do Estado. Agora darei um aparte, e é com muito prazer a um Ver. do PMDB que ganhou do Ver. Clóvis Brum a Liderança. Era um suplente, veio lá de baixo, e ganhou. Olha o golpe entre eles. Não sei o que está acontecendo.

 

O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador). Vereador, eu só queria perguntar o seguinte: V. Exa. é contra ou a favor do Projeto que está em discussão. Eu não consegui acompanhar o seu brilhante raciocínio. V. Exa. é contra ou a favor do asfaltamento da Rua Aracaju?

 

O SR. GETÚLIO BRIZOLLA: Eu agradeço o aparte, mas, hoje, eu subi à tribuna para tratar da saúde das crianças.

 

O SR. FLÁVIO COULON (Questão de Ordem): Sr. Presidente, já estamos em Comunicações?

 

O SR. PRESIDENTE: Sr. Vereador, foi apregoada a Ordem do Dia, foi verificado o “quorum” e foi colocado e lido o Projeto que deve ser discutido. Logo, pedimos aos Srs. Vereadores que se mantenham dentro do Projeto, pois é a matéria que está em discussão.

 

O SR. GETÚLIO BRIZOLLA: Um Vereador do PMDB me pede um aparte, e eu fico achando que ele vai ajudar as crianças e ele me traz um outro pensamento. Mas não adianta para mim, eu não sou de ficar calado nunca, eu não sou mentiroso. Eu sou aquele piá, cria de Palmeira das Missões, e com uma grande responsabilidade. E eu estou mostrando, aqui, uma verdade, Alceu de Deus Collares ajudando as crianças. Então, demagogia para mim, Ver. Coulon, não existe. Alceu de Deus Collares nasceu para trabalhar. Ele nunca pensou em roubar. Tenho certeza de que no final do mandato de Alceu Collares, o Ver. Flávio Coulon vai mandar os filhos dele para aprenderem, estamos abrindo colégios, educando as crianças, manda os teus filhos para lá, lá tem colégio municipal, não do Estado, porque no Estado não tem nada, ainda estão usando as escolinhas do Leonel de Moura Brizola, vão fazer colégios para as crianças aprenderem. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Frederico Barbosa): Com a palavra, o Ver. Brochado da Rocha.

 

O SR. BROCHADO DA ROCHA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Como há certos Vereadores meio preocupados com o final, com o resultado, e não com o encaminhamento da questão, declino inicialmente, meu voto favorável ao Projeto, e não só isso, o meu apreço. Mas gostaria de encaminhar uma crítica aos setores municipal e estadual. Acho que a Prefeitura de Porto Alegre peca no momento em que deixa terceiros buscar verbas alhures, seja aqui, ou seja acolá. Era uma crítica sistemática a um certo Prefeito, que ainda ontem tive a oportunidade de estar com ele, que verbas alhures chegavam a esta Câmara, e que dentro da mediocridade política em que se encontrava o Rio Grande, e Porto Alegre, por conseqüência, se votassem as verbas apesar do mérito ser duvidoso, das próprias verbas. No entanto, no caso, gostaria de repassar o assunto, ele foi, em primeiro lugar, altamente mal encaminhado pelas duas partes, ou seja: Governo do Estado e Prefeitura Municipal. Acredito que, por um processo de educação, do que podem ter pensado as autoridades municipais e estaduais, elas se situaram, ambas, no sentido de que a escola, em se tratando de escola particular, prestava relevantes serviços que foram retirados porque eram escolas profissionalizantes com esse esquema que fizeram de escola profissionalizante e profissionalizantes não o eram. Então, para salvar um pouco o ensino profissionalizante e tendo em vista que o entrono dessa escola era lamentável, resolveram asfaltar ali. O Governo do Estado dava dinheiro e a Prefeitura Municipal o acolhia. Quero entender que também é inaceitável uma colocação aqui feita: “Por que esta e não aquela?” Ora, se for colocado assim teríamos um impasse. Entre quatro mil ruas em Porto Alegre que devem ser atendidas, teríamos que fazer sorteio. Não vejo outra forma que não o sorteio. Umas porque são pobres e outras porque são ricas. Outras porque têm grande tráfego, outras porque têm tráfego de pedestres, como esta. Fico a me perguntar qual a forma que nós poderíamos fazer esse sorteio. Quero dar o flagrante neste caso. Tanto o Governo do Estado como a Prefeitura Municipal distanciam-se propositadamente ou não, o problema é deles mas o resultado é este, dos Legislativos, numa fobia neurótica de se autopromoverem. Pergunto: será que o PMDB não tem representantes nesta Casa? Acredito que sim, os vejo  requisitar e lutar por ruas a serem calçadas em Porto Alegre, mas pergunto: alguém do PMDB foi consultado a nível de Governo do Estado para que fosse esta e não aquela? Alguém transmitiu o espírito porquê o Governo do Estado concedeu esta verba ao Município inusitadamente, pois não conheço nenhuma outra? Acho que a Bancada do PMDB deveria ter sido informada, consultada e debatida. De outra parte, também acho que a Bancada do PDT deveria ter sido ouvida, e digo isto não pela informação que poderia ter o Líder do PDT, mas digo porque até surgiam dúvidas, aqui para alguns, em outra ocasião, onde seria esta rua. Reparem os senhores a gravidade da questão; e também não se sabe a nível municipal o espírito, de maneira que as partes estiveram aqui e disseram que tendo em vista que não conseguiram implementar as obras desta rua via Prefeitura Municipal, requereriam que fosse concedido um empréstimo com o governo do Estado. Ora, como é meritório por ser uma escola profissionalizante, por ter um torno terrivelmente ruim para o acesso das crianças e por ser um órgão modelar que, enquanto não for restaurado, o Colégio Parobé que foi destruído pela administração da ditadura ...

 

(Aparte anti-regimental.)

 

Sim, claro, na medida em que fizeram uma reforma de ensino, que não é uma reforma de ensino, é simplesmente um frangalho, uma delapidação do patrimônio cultural brasileiro, propositadamente desde o Sr. Meira Matos, que com as suas leis fantásticas atropelou tudo o que há no Brasil, tornando a Nação que já era analfabeta, muito mais analfabeta, quer dizer, foi a anti-reforma, foi a reforma do diabo.

 

(Aparte anti-regimental.)

 

Desde aquele convênio MEC/USAID do tempo que era Ministro – só quero responder aqui as interjeições do Ver. Arthur Zanella, e contrações faciais do mesmo – claro, do Cel. Meria Matos que era meio interventor no Ministério da Educação quando era Ministro o Dr. Tarso Dutra - estou-lhe dando dados objetivos –, introduziram no Brasil um sistema de educação, que eu que não entendo de educação posso dizer que me sinto à vontade para sentar com uma múmia destas qualquer e dizer que é uma ignorância total. Acho que apesar de viver no Rio Grande do Sul, posso dizer que é uma ignorância, aliás o resultado esta aí. Não se sabe no Brasil nem se vai haver composição para usar o termo da minha professora primária; a alfabetização continua na meta do Mobral. É uma estupidez dizer que isso aí é educação inclusive, Ver. Luiz Braz, incursionar na área profissionalizante, liquidaram tudo. Há um jornal aí dizendo – e olha a palavra que eu estou discriminado, Ver. Zanella – há um jornal dizendo que irão restabelecer o Colégio Parobé, que é uma vergonha, pois, o Colégio Parobé foi delapidado, o Colégio Júlio de Castilhos foi delapidado, etc. e por aí afora.

Então, quero deixar bem claro e estou dizendo alicerçado em fatos concretos e que existe também na classe dos advogados que eu conheço bem.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite uma aparte? (Assentimento do orador). Nobre Ver. Brochado da Rocha, é que V. Exa. citou a palavra empréstimo e não se trata de empréstimo e sim um repasse do Estado para o Município e outra coisa, quando V. Exa. estava dizendo sobre, praticamente uma impossibilidade de se eleger uma rua realmente que merecesse recursos ou que poderia se afirmar que aquela rua merecesse recursos, eu acredito que esta Casa deveria receber do Executivo uma relação das ruas que prioritariamente deveriam receber a verba até para que nós pudéssemos, numa ocasião dessas, termos condições de discutir se a Estrada Aracaju era a que mais necessitaria.

 

O SR. BROCHADO DA ROCHA: Ver. Luiz Braz, primeiro: a Rua Aracaju foi de uma verba do Governo do Estado. Já disse que o Governo do Estado deveria ter um contato com a Bancada do PMDB para saber o que vai fazer, senão vai fazer bobagem. Neste caso não é uma bobagem, é um mérito, mas acho que a falta de contato é uma imbecilidade. Segundo não vou fazer o que V. Exa. está dizendo porque as prioridades deles não são as minhas e aí teria eu que me atrapalhar com a minha verdade e com a suposta verdade dos tecnocratas que normalmente dominam estas áreas e acho que a Nação busca implantar o poder civil, por outro lado, ela tem que banir os tecnocratas, que não uns chatos e, como se diz, tal como aquele bicho, que tem o tecido duro, uns empombados. Não vou ouvir tecnocratas, são uns chatos, são insuportáveis. Se V. Exa. quiser, faça-o, mas não me mostre que eu não quero saber. Acho que tudo o que eles disserem deve estar errado, até prova em contrário, e acho que eles só atrapalham. Eu acho que os Vereadores da Casa sabem muito mais as ruas que devem ser feitas, do que essas pessoas todas. É uma opinião pessoalíssima, na qual subscrevo, e me nego terminantemente a fazer o que V. Exa. sugere.

 

(Aparte inaudível.)

 

O Ver. Flávio Coulon está aventado que fui Secretário do Planejamento. É por ter sido Secretário do Planejamento, Vereador - V. Exa. parte pelo equívoco da tese errada –, por saber, é que estou dizendo. Agora, eu gostaria que V. Exa. primeiro soubesse para, depois, opinar. É que V. Exa. não sabe. Estou dizendo e subscrevendo: não ouço técnico: técnico é para ser consultado e está acabado o assunto.

 

O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador). É por isso que o Collares teve que te botar para a rua de lá.

 

O SR. BROCHADO DA ROCHA: O Ver. Flávio Coulon, indelicadamente, diz que o Sr. Prefeito me colocou na rua. Quero dizer a S. Exa. que, em primeiro lugar, isso não foi cogitado pelo Sr. Prefeito, apenas apresentei minha carta de demissão.

 

O Sr. Flávio Coulon: Eu pensei alto equivocadamente.

 

O SR. BROCHADO DA ROCHA: É um problema subjetivo da sua cabeça. Eu acho que não gostaria de conviver no secretariado, e é uma decisão pessoal, até porque tenho cabeça própria e estou a dizer aqui que fui mal-encaminhado pelo Município. E daí? Assim como foi encaminhado mal pelo Governo do Estado. Acho que o Dr. Cláudio Acursi deveria ter a humildade necessária de consultar V. Exa. que é Líder do PMDB. E V. Exa., no dia, não sabia explicar aqui. E V. Exa. votou contra. E V. Exa. não estava informado. E é esta formaçãozinha, de técnicos, desta gente, que eu estou aqui a combater. É bom ser técnico, eu sou técnico em Direito, pronto. Sou técnico em Direito mas tenho que ter o mínimo de conhecimento social da Cidade, o que não tem os técnicos. E é aqui que eu quero dizer a V. Exa. E é este o meu discurso, que os técnicos nos levaram a este erro. E acho que a Administração Collares e a Administração Pedro Simon devem ser mais políticas, devem ouvir mais os políticos e devem ter uma noção crítica mais séria e devem, também, pensar que nós não vamos votar processos de uma forma esotérica. E isto veio para a Câmara de uma forma esotérica. E nós só estamos votando porque as partes nos trouxeram umas explicações que nos convenceram e isto é um absurdo. Onde se viu uma parte trazer informação, aqui. E trouxe para todos os Srs. Vereadores. Acho que as administrações estaduais e municipais deveriam ter dado as explicações, senão num debate, pelo menos na Exposição de Motivos. É isto que eu estou colocando.

 E, por último, quero dizer, Ver. Flávio Coulon, o dinheiro está depositado lá ou vai ser devolvido. E está sendo corroído pela inflação. E é isto que me incomoda. E aproveito que o Ver. Antonio Hohlfeldt se encontra no Plenário, para contestar uma afirmação sua, ou seja, nós temos 4 mil ruas e eu quero saber qual seria o critério para serem escolhidas em Porto Alegre. Este tem o critério de atender uma escola profissionalizante, atender um entorno grave, não é para a Mercedes Bens, andar passeando, é para crianças andarem transitando, que aqui basicamente está errado mais uma coisa. Resolve o assunto de esgoto pluvial muito mais do que calçamento, aí é a questão. Ninguém disse isto e não está aqui. E nem o Dr. Cláudio Accurso disse para V.Exa., é mais um problema de alagamento do que de calçamento.

Por último, Sra. Secretária no exercício da Presidência, lamento que este Projeto tenha chegado aqui de forma tão esotérica, tenha a Câmara votado contra, exatamente até porque pensava, o que depois foi comprovado que não era verdade, pela comparência das partes aqui, que era uma politiquice e disse aos interessados: se V. Sas. falarem com os Vereadores e esclarecerem que não existe politiquice, acho que o processo andará porque politiquice a Câmara não vai subscrever e eles assim procederam e assim fica bem pactuado. Isso passa, só passa, porque o mérito é do colégio, é da empresa, e o entorno, e o socorro é dele. Não é de ninguém e se for de alguém que use seu próprio dinheiro em benefício próprio. Deixo bem claro isso. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Gladis Mantelli): A palavra com Ver. Artur Zanella por tempo cedido pelo Ver. Raul Casa.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sra. Presidente e Srs. Vereadores. O nosso Presidente Ver. Brochado da Rocha coloca uma série de questões. Não vou discuti-las porque de uma forma ou outra não concordo. Como por exemplo teria sido o General Meira Mattos que fez o convênio MEC/USAID – imagino que seja essa. Foi uma decisão política do Governo e que foi encampada pela Presidência, através de seu Ministro. Então, não gosto muito quando se diz que o assessor é culpado de alguma coisa. Não. O responsável é quem politicamente comanda, tanto o Ministério da Educação como a Secretaria de Planejamento ou qualquer outra.

Mas, voltando ao convênio, S. Exa. definiu exemplarmente o mesmo, dizendo que ele esotérico. O processo que chegou a esta Casa era um pedido de um convênio entre o Estado do Rio Grande do Sul e o Município de Porto Alegre para asfaltamento, tratamento superficial triplo da Estrada Aracaju. Nenhuma informação mais. Esse tratamento superficial triplo, já é meio esotérico para a Câmara. Depois chegou a informação de que beneficiaria uma locadora, depois beneficiaria as propriedades de um Vereador e, antes disso, o Vereador Cleom Guatimozim pede a renovação de votação porque teria havido um tumulto na hora da votação. Agora, para espanto total, vem um ofício, endereçado ao Sr. Cláudio Accurso pedindo recursos a fundo perdido do Fundo. Para espanto o Sr. Governador encaminha o assunto à CINTEA, que se dedica a fazer estradas alimentadoras, cujo próprio nome indica, é aquele que abastece de veículos, as troncais e que, no interior, em cidades onde há convênio com a CINTEA, onde há, não é o caso de Porto Alegre, são encaminhados tais pedidos para transporte de soja, trigo, etc. Até aceitaria o despacho do Governador se ele recebesse o ofício na hora e, por insuficiência de informações o encaminhasse, mas, não. O ofício foi encaminhado à Secretaria de Planejamento do Estado, o que significa que chegou na Mesa do Sr. Governador sem nenhuma informação. Inclusive, o pedido não é do Governador, é do Secretário. Chega a esta Casa, a Bancada do PDT, um dos signatários do convênio, nada sabe, não foi informada; a Bancada do PMDB, que apadrinha o pedido, por seis Vereadores, pois chega e diz que é uma verba que o Sr. Governador deu, também não sabe, e pela sua Liderança vota contra. Aí, termina o festival com o pedido de renovação de votação por tumulto, quando ficaria extremamente mais fácil dizer que essa verba foi destinada por resolução do Governador porque tem uma escola que é importante, porque as pessoas se propõem a terminá-la e a Câmara a teria aprovado.

 

O Sr. Raul Casa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Artur Zanella, veja V. Exa. quanto de democracia existe na nossa Bancada. Com muito prazer e honra me inscrevi e cedi o tempo a V. Exa. para que pudesse fazer as judiciosas e esclarecedoras declarações que faz. Em todo este assunto que em nosso entendimento demonstra total conhecimento de S. Exa. o Sr. Governador, com relação até às finalidades da CINTEA, a única coisa da qual não abro mão é de que nós teremos menos uma rua com barro em Porto Alegre, se a comunidade se mobilizou, se os moradores ou os grupamentos educacionais que lá existem conseguiram fazer com que a sua rua obtivesse esse fundo, Vereador Zanella, eu me permito, democrática e fraternalmente, divergir de V. Exa. para dizer que o meu voto será a favor deste Convênio, independente dos motivos que levaram o convênio a ser celebrado de forma até, como V. Exa. bem expõe, de forma obscura. Mas não posso deixar de fazer com que menos uma rua de Porto Alegre receba asfalto.

Discordo, fundamentalmente, das teses de V. Exa. acolho-as democraticamente, em tempo que cedi a V. Exa. para dizer que estarei ao lado deste convênio.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: A Bancada é tão democrática que o meu nobre Líder não me entendeu. Vou votar a favor agora.

 

O Sr. Raul Casa: Eu estava tratando de outro assunto, de mais uma injustiça do governo Simon, que não vou mencionar, por questão de pudor, com relação a funcionários públicos, e não pude acompanhar o início do pronunciamento de V. Exa., mas quero dizer a V. Exa. que conheço o espírito de V. Exa., sei o quanto batalha pelo calçamento de ruas periféricas de Porto Alegre, foi autor de várias emendas no projeto Praia do Guaíba no sentido de que fossem asfaltadas algumas ruas, e agora vejo que V. Exa., como sempre, se coloca mais uma vez ao lado do interesse da população de Porto Alegre.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Agora, vou votar a favor com os esclarecimentos que aqui chegaram. Cedo o aparte ao Ver. Brochado da Rocha.

 

O Sr. Brochado da Rocha: V. Exa. permite aparte? (Assentimento do orador.) Eu gostaria de me inserir na discurso de V. Exa., para dizer, porque V. Exa. sabe que fui Vereador de oposição a V. Exa., eu queria  dizer a V. Exa. que a Câmara de Vereadores, em primeiro lugar, adotará um critério, comunicará e chamará as partes e dizer que apenas o mérito foi examinado e que nós corrigimos os equívocos praticados pelo Governo do Estado e pelo Governo Municipal.

Quero dizer a V. Exa. que a tônica do seu discurso, e aliás do meu, também foi nesse sentido, do contrário nós desaprovaríamos por inteiro, até por não sabermos. Posso ter mil discordâncias com V. Exa., mas não posso admitir que V. Exa. não conheça a mecânica e as coisas de Porto Alegre, podemos ter visão diferente mas as coisas nós sabemos que são assim. E neste caso, nós tivemos que adivinhar, foi um processo esotérico de exumação e de construção, para chegar aos fatos e às normas.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Para encerrar, Sra. Presidente, queria então que agora esclarecido tudo, não pelo Processo, mas pelas partes que uma inovação que nós temos agora, eu vou votar favoravelmente ao Projeto. E quero dizer que também já fui testemunha de outros fatos, de recursos que o Governo do Estado destinou ao Município e que não foram utilizados. Um deles, inclusive, por meu intermédio, para fazer ao acesso à cruz que tem lá no Morro da Cruz, foram destinados recursos 2 vezes pelo Governo do Estado e não foram utilizados os mesmos pelo Município. E por quê? Porque exatamente existe essa falta de sintonia no Governo do Estado que parece que cada vez mais cresce. Então peço ao restante da minha Bancada que votem a favor do Projeto, esperando que o Sr. Governador do Estado também veja o outro tipo de necessidade que existe nesta Capital, que são as demais ruas, que não tem, pelo que parece, um padrinho tão forte assim, como essa instituição religiosa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): Encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PA n.º 1/88 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

(Obs.: Foram aprovados os Requerimentos constantes na Ata.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra, em Comunicação de Líder, o Ver. Raul Casa.

 

O SR. RAUL CASA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Muito embora não tenha consultado a minha Bancada sobre o assunto, tenho a certeza de que haverá a solidariedade, não apenas dos meus companheiros de Bancada, mas creio também que dos demais companheiros das outras Bancadas. As cenas que a televisão nos mostrou, da irresponsabilidade ocorrida entre Capão da Canoa e Atlântida, mais precisamente em Capão, ao arrepio da lei, já que é proibido por lei qualquer competição de veículo automotor em via pública, margens e beira de rios, pois é via pública, e a lei, mais uma vez, foi destratada, foi burlada, e pior do que isso, com as mais acintosas declarações de pessoas diretamente envolvidas na organização, manifestações até de autoridades municipais, como se antecipando a uma possível impunidade, dizia que assumiam o ônus daquela quase tragédia, que está a merecer, de parte de nossa Bancada, a mais pronta manifestação de solidariedade às vítimas, e de repúdio às autoridades estaduais e municipais envolvidas no episódio. Recordo-me de que quando ainda no último Governo Menegheti, aquele ilustre cidadão proibiu qualquer competição em via pública, através de uma lei estadual. A partir dessa proibição tivemos, então, a construção do autódromo de Tarumã. Portanto, a Lei estava em vigor e foi burlada por esses insanos administradores da área de segurança de trânsito do Estado. Foi burlada, lamentavelmente, pelo Prefeito de meu Partido Egon Birlem, foi burlada pelo bom senso dos organizadores, mas não foi burlada pela consciência dos homens e das mulheres de equilíbrio do nosso Estado. Quero, aqui, mais uma vez, deixar consignada a nossa repulsa à irresponsabilidade que se instalou no governo estadual, tanto na área de segurança quanto nas demais que, como se vê, virou um caos, e nada acontece. Desejo, em nome da Bancada do PFL, traduzir a nossa revolta e a nossa desconformidade com esse tipo de liberalismo que põe em risco a segurança física da população, sem contar com a ação sempre dúbia do governo de Estado, porque, tenho certeza, se tivesse tido alguma ingerência lá em Palmeira das Missões, nós não teríamos tido o desfecho que tivemos, ontem. Quero, mais uma vez, dizer que, felizmente, o governo do Estado não atuou em Palmeira das Missões, a não ser pelos agentes locais que, certamente, não tiveram tempo de receber ordem em contrário de perseguir, sem risco, os bandidos que cometeram todas aquelas atrocidades que cometeram em Palmeira das Missões. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Frederico Barbosa): Liderança com o PDT, Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. A Bancada do Partido Democrático Trabalhista nesta oportunidade não poderia deixar de usar esta tribuna para se referir e se posicionar em relação ao desagradável acontecimento registrado no Cidade de Capão da Canoa. Não bastasse no ano passado aquele crime verificado pela gangue de Capão, que até hoje está impune, agora, a um outro estilo de ilegalidade que se perpetra contra a população e contra os veranistas dos balneários do litoral do Rio Grande do Sul. A irresponsabilidade dos governantes, dos administradores que tem obrigação de zelar pela segurança dos moradores, da população e veranistas do litoral do Atlântico Sul fez com que o passeio de famílias que se dirigem ao litoral se transformasse em tragédia. Não bastaram as advertências feitas por cidadãos de bem porque infelizmente hoje neste País os cidadãos ainda têm sua voz esmagada, várias pessoas tentaram desde o início da manhã de sábado impedir a realização daquela prova, o chamado “km de arrancada”, na Praia de Capão da Canoa, porque bastava o mínimo de bom senso para se perceber que daquele evento poderia se deixar ali conseqüências trágicas. Não vou falar do espaço dos banhistas, do espaço dos veranistas que é sonegado na praia, antes, na semana anterior por uma prova de moto cercando uma parte da praia, em Capão da Canoa. Mesmo em condições de segurança não é o local apropriado para a realização de tais eventos e, por outro lado, a realização desta prova sem as mínimas condições de segurança. É lamentável, é triste a fuga da responsabilidade das pessoas após um evento danoso, ainda quando estamos lamentando o ocorrido as pessoas rapidamente tratam de se safar das suas responsabilidades a começar pelo Prefeito de Capão da Canoa ...

 

O Sr. Raul Casa: Mas este assumiu.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Mas já desassumiu hoje, e nas páginas de Zero Hora está dizendo que ele não tem nada a ver com isso. Já assumiu hoje a sua exoneração de responsabilidade, Ver. Raul Casa. O procurador disse que a Prefeitura apenas autoriza e não responde pelas questões de segurança e o Sr. Prefeito diz que faz suas as palavras do seu procurador. É lamentável, porque a história poderia ter conseqüências mais graves, por uma sorte total, talvez por uma verdadeira luz divina pode-se dizer que as conseqüências não foram mais trágicas, mas há crianças ainda hospitalizadas e no entanto os governantes rapidamente tratam de se eximir de suas responsabilidades, o Sr. Prefeito de Capão da Canoa, rápido, hoje, através de seu procurador, ele reitera dizendo que a Prefeitura não tem nada a ver; de outro lado a Brigada Militar, através da Operação Golfinho - e este Vereador é insuspeito de falar da Brigada Militar, porque tem inúmeras vezes feito aqui nesta tribuna elogios à Brigada Militar do Estado -, a Brigada não poderia permitir a realização daquela prova, assim como a Polícia Civil, porque com 30cm de montinhos de areia não se dá as condições de segurança necessárias para a realização de uma prova que não era permitida naquele local, na praia que é dos veranistas e em lugar nenhum, porque isso aí é coisa para se realizar em autódromo. E autódromo é uma área cercada de toda a segurança. Como há pouco se referia o Ver. Raul Casa, existem áreas para isto. Portanto, é profundamente lamentável a exoneração rápida de responsabilidade, que as pessoas já estão tratando de se safar, do Automóvel Clube de Taquara, do Automóvel Clube do Rio Grande do Sul, da Prefeitura, dos motoristas, todo mundo, da Brigada, da Polícia Civil. Ninguém é responsável, certamente foram os meninos que se atravessaram, que foram ali, que não tinham nada que fazer. As crianças é que são responsáveis, os veranistas, os banhistas não tinham que estar aquela hora na praia, o horário da praia é até às 3 horas da tarde. Às 3 horas da tarde tem que ir para casa, certamente daqui a pouco vão dizer isto. E não duvido que algum débil mental peticione em defesa dizendo isto, porque até este procurador já fez afirmativas de que a Prefeitura...

 

(Aparte anti-regimental do Ver. Raul Casa.)

 

O Ver. Raul Casa diz que uma pessoa chegou ao ponto de dizer que quem vai a este tipo de prova tem que se submeter aos risos inerentes a isto. É profundamente lamentável. E mais, não se ouviu o clamor de cidadãos da população. O empresário Nelson Maltz, se sentindo impotente para conseguir demover a Brigada, a polícia, a prefeitura, não teve outra alternativa senão ir à Delegacia de Polícia às 16 horas daquele sábado e registar a ocorrência porque era previsível, com um mínimo de bom senso, que viessem acontecer estes fatos. E digo mais, além da proibição que deve ser estabelecida, porque estão pensando, de repente, em fazer outras provas, isto aí deixou uma lição muito dura.

Ainda tem um outro episódio, a Brigada Militar - e isto é uma advertência que eu faço aqui à competente, à briosa Brigada Militar - tem retirado o seu policiamento da Brigada às 18 horas da tarde, ainda é dia. E o que está acontecendo? Os bugs e as motos, estão indo para a beira para fazer os chamados peguinhas, as corridas, e muita gente já se acidentou.

Deixo esta advertência, aqui, de que estas corridas são ilegais e está havendo uma falta de fiscalização da Brigada Militar que retira os seus soldados às 18 horas. Espero que isto sirva de advertência e que a Brigada Militar tome providências para que não haja mais acidentados em decorrência dos pegas e das corridas, dos bugs, motos, após às 18 horas em todas as praias do litoral Sul do Rio Grande do Sul. Sou grato. Sou grato

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Comunicação de Liderança com o PMDB, através de seu Líder Flávio Coulon.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu peço a Deus que me ajude a nunca vir a esta tribuna atribuir ao Prefeito Alceu Collares os acidentes de trânsito que ocorrem em Porto Alegre ou atribuir a Brigada Militar os acidentes de trânsito que se sucedem em todas as pequenas cidades, porque a semana passada houve uma competição lá em Capão da Canoa que invadiu a área e que sofreu sérios reclamos da coletividade, uma competição de motocross que foi repudiada pela comunidade. Estive aqui a semana passada inteira para ver se a nobre Bancada do PFL e do PDT vinham aqui a tribuna para trazer a sua preocupação. Não ouvi nada. Agora, o que acontece? Acontece uma desgraça, perfeitamente previsível, com toda a tranqüilidade, sem ficar ruborizado, vem o Ver. Raul Casa atribuir ao Governo Pedro Simon a culpa por aquele acidente e vem o Ver. Isaac Ainhorn, o nosso artista de televisão, também, assim coradinho, tranqüilo, também atribuir a culpa à Brigada Militar por aquele acidente.

Ora, meus amigos, isso é desconhecer totalmente o que está acontecendo lá na praia. É querer usar um acontecimento, um acidente lamentável, censurável, com fins puramente políticos, demagógicos. Eu poderia vir aqui falar no Prefeito de Capão da Canoa, aquele da colônia de nudismo, dos cassinos que quer colocar lá, o xerife total da Cidade que forçou a realização dessa prova. Agora, utilizar três crianças que quase perderam a vida para vir fazer aqui demagogia contra o Governo Pedro Simon, atribuindo à Brigada Militar e ao Governo parte da culpa?! E vem o Vereador denunciar que depois das 18 horas a Brigada Militar tem que estar fiscalizando à beira da praia que as crianças não façam corrida de “bug” e vai querer que fiquem até às 4 horas da madrugada, porque os grande pegas se dão a madrugada. É isso que vai querer: que a Brigada faça isso. É brincadeira! O que acho que deve haver é um mutirão de todos os partidos para que impeçam que à beira da praia a população a utilize para qualquer tipo de atividade que prejudique a liberdade das pessoas para aproveitá-la em condições de segurança. Até diria que é mais perigoso ficar na beira da praia do Prefeito Egon parados do que terem os quilômetros de arrancada, porque a sujeira é tão grande, sob a administração Egon, e provoca muito mais ferimentos do que aqueles ferimentos das crianças acidentadas. É uma poluição a sujeira total.

Lamentamos o acontecimento. Acreditamos na Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, no sentido que ela puna os responsáveis. Esperamos que à beira da praia, a faixa de areia, não seja utilizada para atividades que possam, por mais longe que seja, colocar em risco não só a segurança, como a liberdade dos cidadãos. É isso que temos aqui: não é hora de estarmos procurando os culpados, porque a Justiça do Rio Grande deveria encontrá-los. É hora de somarmos esforços no sentido de que seja resgatada, para a população, a faixa litorânea. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com a Bancada do PT, por cinco minutos, sem apartes.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Partido dos Trabalhadores comemora, hoje, dia 10 de fevereiro, seu oitavo aniversário de implantação oficial no Brasil, que corresponde, na verdade, a dez anos de atividades desde as primeiras iniciativas de lideranças sindicais que se deram, simultaneamente, em São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, para a formação de um partido, que se quer, nitidamente, claramente, classista, em defesa dos interesses dos trabalhadores brasileiros.

Não pretende o PT dizer que os demais partidos existentes não defendam, eventualmente, interesses dos trabalhadores brasileiros, seria muita pretensão, evidentemente, nossa neste sentido. Mas pretende o PT ser claramente um partido que essencialmente, fundamentalmente, encaminhe as lutas dos trabalhadores, respeitando, porém, a autonomia das entidades pelas quais os trabalhadores se organizam, e realizam as suas reivindicações.

É bom que se lembre que, tradicionalmente, a atividade sindical das entidades de classe, dos nossos trabalhadores, sempre tiveram mais um papel de defensiva do que de propostas, propriamente. E não podiam ser transformadas em decisões legais, exatamente porque os trabalhadores, de modo geral, não tinham os seus representantes, eles, trabalhadores, junto aos Legislativos, ou até mesmo junto aos Executivos. Então, quando o PT surgiu em 1980, com o “slogan” básico de ser o partido que seria a ferramenta da trabalhador, era a consciência clara, a proposta objetiva de que nós queríamos um partido capaz não apenas de reivindicar tendo de buscar um intermediário para levar as nossas reivindicações em forma de projetos de lei ou até de leis, nós queríamos, nós mesmos, estarmos presentes nos Legislativos e nos Executivos.

Acho que é histórico neste País, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o surgimento deste partido. E mesmo aqueles que discordam das linhas, das orientações, de eventuais posições do PT, reconhecem isto. O PT deve na sua história de oito anos, sem dúvida alguma, muito a companheiros de oposição. Por exemplo, na grande campanha de legalização de 1981 e 1982 contribuíram assinando as fichas para que pudéssemos alcançar a legalização do partido em nível nacional.

Não se pode esquecer que naquele período os companheiros que criaram, que iniciaram o PT, foram acusados de fazerem o jogo da ditadura, de fazerem o jogo do Gen. Golberi do Couto e Silva. Quando ao contrário, se mostrou no correr da história do PT, que o que nó fizemos foi aproveitar um jogo que se pretendia, de manipulação dos trabalhadores, e colocar na prática uma proposta que era antiga, que havia sido historicamente burlada, atrapalha ao longo do período getulista. E, inclusive com a manipulação, o atrelamento dos sindicatos de trabalhadores ao Ministério do Trabalho, situação que perdura até hoje, através da qual se instituía o peleguismo. Foi muito útil no Estado Novo, foi muito útil na ditadura de 64, mas, evidentemente, precisava o trabalhador brasileiro ultrapassar.

A data de hoje, portanto, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, acho que é uma data importante, não apenas para nós do PT, mas para os trabalhadores brasileiros em geral, àqueles que estão filiados ao PT, os que não estão filiados e para todos que fazem política a sério neste País, porque acho que a contribuição do PT tem sido importante no panorama político-partidário institucional do Brasil. E, sobretudo, é uma data de expectativa apara todos nós, o PT se coloca em 1988 como um virtual candidato a Executivos Municipais em centenas de Municípios deste País.

Portanto, é a hora de ultrapassarmos um desafio que muitas vezes se disse, o PT tem certas palavras de ordem, porque até hoje não teve o poder na mão. Pois, vai ser a hora, a partir de 88, de definitivamente, nós matarmos também essa frase de má fé que pretendia anular a importância do partido. Nós já temos, poucos Executivos na mão, é verdade, mas tem servido para mostrar que as propostas são transformadas em ações. E, temos sobretudo já hoje centenas de representantes legislativos presentes, mostrando, levando suas propostas, as propostas do Partido. E, quero que inclusive nesta Casa, a partir do ano que vem não tenhamos apenas este Vereador, que tentou com humildade, tropeçando às vezes com dificuldades, mas com o apoio, muitas vezes, dos companheiros desta Casa, levar a posição do PT dentro do Legislativo de Porto Alegre.

Espero que nós tenhamos a partir do ano que vem, não um Vereador, mas no mínimo seis, sete Vereadores, se não tivermos o próprio Executivo desta Cidade. E vamos comparar, vamos confrontar se o PT apenas vai ficar nos discursos e na prática legislativa, ou, também, será capaz de transformar esta prática numa Administração objetiva em prol do trabalhador, no caso, ao menos, de Porto Alegre. Queria, portanto, fazer este registro que não é apenas um registro de quem representa o PT nesta Casa, mas um registro que me parece interessa à própria instituição política que integramos no Legislativo de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): Passamos ao período de

 

COMUNICAÇÕES

 

O primeiro orador inscrito é o Ver. Antonio Hohlfeldt, que faz transposição de tempo com Ver. Flávio Coulon.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, face à contínua falta de “quorum”, vou ler rapidamente dois pronunciamentos já preparados há muito tempo.

“Sr. Presidente, Srs. Vereadores, um dos grandes dramas, senão o maior, que tenho vivido dentro Casa, se relaciona com a sempre presente sensação de Impotência, de inércia, de falta de repercussão concreta em que caem nossas denúncias e nossas argüições de ilegalidade em relação a atos ou projetos do Executivo. Usa-se a tribuna, os Vereadores de situação ou o próprio Executivo contesta e se fica numa guerra de palavras sem se ter a quem efetivamente recorrer para dirimir as controvérsias.

Dentro desse contexto, surge sempre, para mim, a imagem do egrégio Tribunal de Contas do Estado como o farol da esperança daqueles que querem a verdade dos fatos em termos de moralidade dos atos administrativos públicos, como a grande corte definidora e orientadora da própria ação dos Vereadores.

Infelizmente, por força do artigo 106 do Regimento Interno do TCE, fica o Vereador e ficam os cidadãos comuns impedidos de buscar, democraticamente, resposta às angustias e às dúvidas originadas por ações do poder público; esse artigo, que a nova Constituição, muito justamente, pretende superar, sacramenta que os atos do poder só podem ser apreciados pelos conselheiros do Tribunal de Contas se os caudatários do poder concordarem ...

A que vem essas considerações introdutórias?

Em primeiro lugar pela lembrança de que em breve será apreciado um requerimento desse vereador, nessa Casa, solicitando que TCE examine a legalidade de um contrato celebrado entre PMPA e empresa Arquitetos e Urbanistas Associados, inquinado de ilegal pela Procuradora Geral do Estado e considerado legal pelo Doutor Procurador do Município. Pergunto: quem decidirá sobre esse requerimento? Respondo: uma maioria constituída por situacionistas do Sr. Prefeito e por alguns ‘oposicionistas’ pragmaticamente chegados ao poder.

Em segundo lugar, porque tomei conhecimento, pelos jornais da cidade, de que, quer por força da CPI originadas nessa Casa, quer por força de um pedido do Dr. Nelson Castan, o Tribunal de Contas efetuará uma inspeção na Campanhia Carris Porto-Alegrense.

Aproveitando essa inspeção, encaminho aos auditores que levarão a situação da Carris uma preocupação que me foi trazida por um cidadão comum do povo: que seja verificado, ao longo da administração Castan o volume de depósitos que ficaram parados, sem aplicação, em bancos particulares e, de um modo especial, no Banco Industrial e Comercial S.A – BIC

Como não posso, como simples Vereador, encaminhar essa preocupação diretamente ao TCE, estou apelando aos órgãos de comunicação no sentido de que, através deles, ela chegue até os auditores, inclusive para que fique dirimida, de uma vez por todas, a sua procedência ou não.

Repito: gostaria de saber como Vereador e como cidadão, se a atual administração da Carris eventualmente deixou somas de depósitos em dinheiro, em bancos particulares, anormalmente sem aplicação, com prejuízos para a empresa e para o povo.

Esse pronunciamento já estava redigido quando me chegou uma outra preocupação: que a FESC também estaria mantendo depósitos elevados, sem aplicação, no Banco Industrial e Comercial S.A.

Em vista disso, tornou meu apelo mais abrangente: que os auditores do Tribunal de Contas do Estado examinem as relações financeiras da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, através de todos seus segmentos, com a rede bancária particular, de modo especial com o Banco Industrial e Comercial S.A.”

Esse era um dos pronunciamentos que eu havia preparado.

Este é o outro pronunciamento:

“Sr. Presidente, Srs. Vereadores, sem dúvida nenhuma, um dos fatos mais assustadores na atual sociedade brasileira, é a sensação da falta de cobrança de responsabilidade e a impunidade com que, desde os mais altos escalões da República até a mais baixa marginalidade, se afrontam as normas éticas, morais e legais.

Estamos passando rapidamente do incipiente estado de direito para um estado de força onde cada um faz o que quer e o que lhe parece melhor para si e para seu grupo, sem se importar com as conseqüências já que não mais as respeita ou não mais nelas acredita. Assim, assistimos estarrecidos e imponentes execuções em massa na periferia de São Paulo, as mais variadas formas de escândalos e corrupções em todos os segmentos da sociedade pública e privada e em todos os poderes da Nação, as tragédias assassinas de nosso trânsito, o tráfico descarado de drogas e de influência, a corrupção de nossa juventude, a falta de esperança.

Essa violência todo acaba se espraiando sobre a vida de cada cidadão desta cidade, por mais modesto e distanciado que esteja da fonte, na forma das centenas de assaltos que se verificam por dia nas ruas de Porto Alegre, na agressão contínua que estamos sofrendo em nossa liberdade de vida digna, quer através da redução, via inflação, da qualidade do atendimento médico, educacional, alimentar, habitacional, de transporte a que estamos crescentemente submetidos, quer através da desmoralização e da retração do poder público em suas tarefas fiscalizadoras, moralizadoras e punitivas.

Estamos regredindo para os tempos da força e do desespero, do desrespeito e do egoísmo, sem que o poder público, também enfraquecido pela doença da corrupção que ataca indiscriminadamente todos os seus prepostos, esboce senão tímidas reações, facilmente suplantáveis pela ousadia dos seus afrontadores.

Busco num real fato que está acontecendo numa pequena e pacata rua desta cidade um exemplo dessa situação de afronta ao poder e de insegurança dos cidadãos.

Os moradores da Rua 14 de Julho, no bairro Boa Vista, convivem há tempos, com um problema gerado pelo estacionamento de ônibus de uma empresa de turismo, que usa a rua como garagem e oficina. Depois de muito batalhar, conseguiram que o Prefeito Alceu Collares determinasse à SMT que proibisse o estacionamento de ônibus em ambos os lados da rua.

Poucos dias após, as placas desapareceram misteriosamente e pelo menos um dos moradores recebeu ameaças anônimas via telefone.

Depois de nova batalha, foram colocadas novas placas proibitivas.

No dia 28 de janeiro pp. estivemos, o fotógrafo Mozart e eu, visitando a rua e fotografando a adulteração, via pintura com tinta branca, das placas, conforme demonstram as fotos que ora mostro aos Srs. Vereadores.”

Então, Sr. Presidente, simplesmente, todas as placas que existem na rua foram pintadas, uma totalmente de branco e as duas placas, na esquina da rua, pintadas de tal forma que a proibição de estacionamento de ônibus fosse apagada, numa flagrante afronta ao Poder Público.

“Perguntaram-me os moradores e eu transfiro a pergunta à esta Casa: a quem recorrer para valer os direitos dos cidadãos daquela rua contra a prepotência do proprietário dos ônibus? Quem fará valer a autoridade da SMT e, em conseqüência, a afronta ao Senhor Prefeito? Qual a palavra de fé e esperança que poderemos levar àqueles concidadãos que pagam impostos e que estão tendo suas individualidades violentadas?

Disse e repito aqui: uma das poucas possibilidades que vejo de que as autoridades competentes se sensibilizem será conseguir que os órgãos de comunicação divulguem o fato insólito porque, conforme também já me convenci, para a administração Collares só existe, só entre no mundo dos fatos relevantes, aquilo que vai nos jornais, nas rádios e nas televisões da cidade. O resto, é o resto ...”

Ainda dentro desse assunto, hoje o jornal “Zero Hora” publica uma carta do proprietário dessa empresa de ônibus que diz que pode estacionar os ônibus lá porque paga os impostos e que vai continuar estacionando e que conta com a simpatia da vizinhança. Não estou mais questionando o fato de ele estacionar ou não. O que questiono é a afronta que a SMT está sofrendo, calada, consubstanciada na adulteração das placas que a própria SMT colocou nas ruas. Se o proprietário desses veículos se sente em condições de afrontar o Poder Público e se o Poder Público não toma qualquer providência só nos cabe repetir o que já foi dito no pronunciamento: estamos entrando na era da força, onde as pessoas fazem valer a força dos seus interesses à dos anseios da comunidade.

Eram estas as duas mensagens que eu queria deixar da tribuna. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Gladis Mantelli): Com a palavra, o Ver. Artur Zanella. Ausente. A seguir, o Ver. Brochado da Rocha, por cessão de tempo do Ver. Auro Campani. V.Exa. tem 10 minutos.

 

O SR. BROCHADO DA ROCHA: Sra. Secretária no exercício da Presidência da Casa, Srs. Vereadores. Quero, em primeiro lugar, deixar registrado que o que iremos colocar na tribuna se insere numa série de fatos, em ocorrência e em consonância com o momento atual. Quero focalizar, mais expressamente, o setor de transportes de pessoas, que, muitas vezes, no Brasil, é encaminhado como transporte de coisas. Dentro disso temos, de um lado, o setor metroviário, parado por um problema de greve, pois parece que a administração pública federal tem algumas dificuldades; de outro lado temos, já, a ameaça concreta dos senhores motoristas em realizar também uma paralisação, tendo em vista que não conseguem chegar a um acordo com os senhores empresários, isso na área do transporte rodoviário urbano da Cidade de Porto Alegre. Mais adiante, vemos, no dia de hoje, contemplada, a iniciativa do Exmo. Sr. Governador do Estado do Paraná, em que S. Exa. focaliza e determina que as empresas de ônibus passam a ter concorrências, que haja um processo licitatório de concorrências amplas, tendo em vista que na capital do Paraná, Curitiba, e na Grande Curitiba, na região metropolitana de Curitiba havia um monopólio de empresas. S. Exa. avança sobre licitação. Quanto a Porto Alegre vemos também os senhores empresários questionando o IPK, ou seja, o índice de passageiros transportados por quilômetro. Colocado tudo isso e fazendo um breve histórico, pegando lá atrás, quando uma companhia estrangeira explorava os serviços de transportes de Porto Alegre, em Cia. Americana que era a Cia. Carris, com outro nome, certamente, e vendo a precariedade com que o assunto evoluía, a tal ponto que esta companhia passou a ser da Prefeitura e depois, mais tarde com o cessar dos ônibus, passou a ser rodoviária e não mais de bondes; esta companhia, em que pese ter inovado na Cidade, retirou daqui polpudos índices remuneratórios ao seu capital implantado. Mas os senhores empresários questionam acerbadamente pela imprensa, no dia de hoje, sobre os índices dados – do outro lado a população questiona sobre os dados muito altos, eles, muito baixos, é aquela mesma história que acontecia aqui na Câmara de Vereadores, mas se nota claramente que Porto Alegre não dá um salto, uma mudança nas suas normas de sistematização no transporte coletivo. E o transporte coletivo passa a ser feudal, ou seja, um grupo de empresários que iniciavam uma atividade em Porto Alegre, produto de uma encampação feito pelo então Ildo Meneghetti, ainda na década de 50, fez com que alguns empresários monopolizassem de uma forma como se fosse Direito Civil, através de fusões, através de vendas, através de heranças a permissão. Eu perguntaria, em primeiro lugar, se essas permissões estão com validade ou não? Algumas parecem que caducaram e outras devem ser referendadas ou alteradas, mas, fundamentalmente, o que se propõe é estabelecermos em Porto Alegre um sistema novo, diferente, onde não haja os senhores feudais, não querendo com isso nos colocarmos dizendo assim: “somos contra determinada classe”. Não é contra determinada classe, é contra um anacrônico sistema de transportes coletivos em Porto Alegre que ninguém está satisfeito, que é horroroso e que sobretudo não muda. Este sistema aí existe no mínimo há quase três décadas, quase com os mesmos critérios normativos, o que é inaceitável, de maneira que o que estamos a propor no dia de hoje, insistindo na tese que ela se torne imediatamente concreta é que se estabeleça não uma permissão como esta que está aí, mas, para determinadas linhas, que a iniciativa privada tem absoluto controle sobre as linhas. Que sejam implantados em Porto Alegre tão somente os seguintes critérios, como algumas capitais brasileiras já o fizeram como o mais recomendável: que se pague o transporte coletivo por quilômetro rodado; ou seja, efetivamente, determinada empresa ou empresas, estas ou outras, se houver um processo licitatório melhor ainda se elas fossem pagas por um período, ou semanal, ou quinzenal, ou mensal, é uma questão meio aberta para se discutir, e a Prefeitura que funcione tipo assim CRT, que dê os tíquetes para as pessoas usarem, ela, Prefeitura de Porto Alegre. E ela, Prefeitura, arrecade este dinheiro. E ela pague o quilômetro rodado devidamente comprovados, por métodos tecnológicos aceitáveis. Porque esta discussão do IPK estar certo ou errado, ela é estéril, não é profícua, é perturbadora e não traz nenhum dado.

Pergunto, quem sabe o quilômetro rodado com certeza? Eu não assino nenhum quilômetro rodado, nenhum IPK certo. Não assino. Nem pró nem contra, tenho dúvidas. E estas dúvidas perseguem ao longo dos anos. E acho que o sistema de permissão e a iniciativa privada muito falam e falam mal do poder público e com razão. O que não me tira a razão de também falar mal da iniciativa privada. Acho que a iniciativa privada deve prestar serviço ao poder público mas devidamente comprovado. E uma das coisas que surgem claramente é a seguinte: o dinheiro arrecadado pelas empresas, no dia a dia, quem controla, quanto é, a que destino é, e se compõe ou não a planilha de custos, a aplicação deste dinheiro é uma questão...

 

A SRA. PRESIDENTE: Nobre Vereador, V. Exa. esgotou o seu tempo cedido pelo Ver. Auro Campani, mas V. Exa. tem o seu tempo.

 

O SR. BROCHADO DA ROCHA: Quero agradecer ao Ver. Auro Campani e quero apenas desenvolver um pouco mais a matéria, de tal sorte que nos sentindo ameaçados por esta falta de ingerência ou de gerência, do poder privado, tendo em vista que este método é rigorosamente anacrônico, está implantado em Porto Alegre. Ele é um método, repito, feudal. Ele é basicamente regido pelo Direito Civil, diria até que ele passa pelo Direito de Família referente ao capítulo que nos fala tão somente do Direito de Herança e que ele arrolava quando alguém é falecido, isso aí passa para outro, tal qual foram criadas no Brasil as capitanias hereditárias. Esses métodos, essas práticas, são inconcebíveis inclusive para aqueles que defendem – e eu respeito arduamente – o Capitalismo. Isso não é capitalismo, isso é pré-capitalismo, é feudalismo, é qualquer coisa mas não capitalismo, inclusive porque não existe a concorrência, não existe a comprovação do serviço. De maneira que quer se implantar que a Prefeitura Municipal pegue o caixa para ela. Eu sei que isso aí causa alguns dissabores, mas acho que é chegado o momento de Porto Alegre empunhar o transporte coletivo e não somos ingênuos para não saber que quem tem o caixa empunha e remunera o serviço efetivamente realizado: se uma empresa andou num determinado ônibus 100 quilômetros por dia, será paga por 100 quilômetros; se os ônibus dessa mesma empresa andarem 1.000 quilômetros, serão pagos os 1.000 quilômetros e nós sairemos dessa discussão estéril e inócua, porque só através de métodos tecnológicos, como colocar uma televisão ou uma fotossíntese, em cada ônibus, para saber exatamente de quando seria esse IPK, nós poderemos avançar. E mais: nós deixaremos também que determinadas empresas detenham, em determinadas zonas, seu curral. Tal como existia o curral eleitoral. Por analogia também existe o curral das empresas que tudo podem em nome do Município de Porto Alegre e em nome de outros Municípios que assim hajam. Ou evoluímos para métodos mais modernos. Não estou pregando a estatização, até porque acho que o poder público ainda não atingiu o estágio de consciência perfeita para lá chegar. Estou pregando apenas que a farsa de livre iniciativa, que de livre nada tem, é uma camisa de força nociva aos munícipes, ao Município de Porto Alegre e a todos, levando à uma discussão de quem deveria ser o dono, se o Município, que através de uma permissão remunera o capital, se é que ele existe é outra discussão, enfim que elas passem a ser rigorosamente prestadoras de serviços. Que a empresa “a” seja destinada para a área “b” ou “c”, de acordo com as necessidades dos munícipes da Cidade de Porto Alegre. Esse método tem mais de 3 décadas e nesse tempo o que mudou Porto Alegre? Mudaram até os corredores e não mudaram o sistema de empresas e de permissões. É um método absolutamente defasado, até quando vamos suportar? Que não venham dizer que as pessoas de Porto Alegre tenham investidura legal e não tenham consciência de que é um processo anacrônico que não condiz com nenhum tipo de economia e nenhuma prática conhecível que não seja a da parafernália. Que as coisas passem rigorosamente a ser regidas por direitos e obrigações, porque a iniciativa privada anda e ela deve ter o tratamento de direitos e obrigações. Ela terá direitos? Sim, terá direitos, mas terá obrigações também, sim. Fará valer os seus direitos? Fará valer os seus direitos, sim. Agora, o que não podemos aceitar é esse regime feudal e esse anacronismo do sistema. Até me fico a perguntar sobre o Coester, até bem ou mal, não vou entrar no mérito desta questão, tem um sistema de transporte tão ruim e tão velho, tão inaceitável, até para explicarmos para quem não conhece seria muito difícil.

Repto aos senhores todos a pegarmos alguém que não conheça este sistema e tentarmos explicar este sistema, vai ser motivo de riso, se a pessoa entender, porque isto não dá para entender, nem no campo jurídico, nem no campo fático. É necessário que realmente implantemos um sistema onde a Prefeitura passe a ter rigorosamente o domínio da situação, como o seu capital, com o capital dos usuários do transporte coletivo, nos cofres da Secretaria da Fazenda no seu dia a dia, pague os transportadores, estes ou aqueles, aqueles, quando me refiro, da provável licitação do que deva ocorrer, e que venha, como está pregando o Governador do Paraná, a realmente ser livre iniciativa. E isto que está aí não é livre iniciativa, nem coisa nenhuma, no mundo jurídico e fático não existe isto que está aí. E no mundo das operações técnicas é, rigorosamente, a cidade de Porto Alegre, uma cidade de atrasada. Nós não estamos nos valendo de uma tecnologia avançada, não estamos nos valendo de métodos. Falaram tanto em racionalização, o Sr. Prefeito Municipal disse que queria uma metodologia de cálculos, a Câmara votou esta metodologia de cálculos. Agora, os senhores empresários estão dizendo que esta metodologia é errada, que o índice de passageiros transportados está errado. Na época não protestaram.

Mas pergunto: e nós, até quando vamos ficar sem fazer nada; até quando nós vamos ser omissos e permissivos, um anacronismo com o fato social altamente prejudicial aos munícipes; até quando vamos compactuar com métodos medievais; até quando nós vamos admitir a burrice; até quando não será dada uma satisfação aos munícipes. Nenhuma forma serve, se não for a prova provada de direito e obrigações claras e onde prevaleçam os direitos das maiorias sob a impúria das minorias. E não me diga, repito, que não venho embasado por dados técnicos, o Brasil moderno pensa assim, o Brasil retrógrado é que pensa isso que está aí. E vários técnicos que têm noções sociais, que tem compromissos políticos, encaram a questão que isso não pode continuar, por isso em alguns lugares já foi implantado o que estou a pregar, ou seja, a remuneração exata do quilômetro rodado, ou quinzenal, ou semanal, e, seja a Prefeitura a emissora disso, e querendo por último recordar que está no capítulo de Direito Constitucional - que acredito não será alterado - como responsabilidade do Município, tanto quanto a água e outros.

E, na medida que o mundo moderno, numa Capital com mais de um milhão de habitantes, o transporte passa a ser muito importante ou fundamental, não adianta ter água se não tivermos meio de locomoção, não poderemos executar as nossas tarefas.

Acredito que Porto Alegre deva, pelo menos, se equiparar com algumas capitais brasileiras que são de notório conhecimento, já avançaram neste setor que, repito, por último, se encontra parado desde o tempo que o Sr. Meneghetti criou isso que está aí. Talvez na época fosse certo, não vem ao caso, mas será que por tanto tempo uma coisa pode fica assim, quando houve uma mudança tecnológica tão certa? Eu acredito que não, e acredito que esta mudança deve ser rápida. Eu fico a me perguntar se deve ser uma iniciativa de uma competência legislativa ou se deve ser uma competência executiva.

É isso que coloco em discussão para termos seqüência ao que pretendemos. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. FREDERICO BARBOSA (Questão de Ordem): Sra. Presidenta, como eu sou o próximo orador inscrito em Comunicações, eu gostaria que fosse feita nova verificação de “quorum”.

 

A SRA. PRESIDENTE: Não há “quorum”, Sr. Vereador. Estão presentes apenas quatro Vereadores: Frederico Barbosa, Flávio Coulon, Brochado da Rocha e Gladis Mantelli.

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 12h10min.)

 

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